O SEGREDO DE FÁTIMA: APOSTASIA NA IGREJA?
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Novo texto do Terceiro Segredo que circula nos meios católicos reacende controvérsia
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Ronaldo Ausone Lupinacci *
A grande controvérsia nos Estados Unidos e na Europa sobre a versão do Terceiro Segredo de Fátima divulgada pelo Vaticano em 2000 é pouca conhecida pelo público católico brasileiro |
No ano de 2007 esteve no Brasil o presidente da associação dos advogados católicos dos Estados Unidos (American Catholic Lawyers Association), Christopher A. Ferrara. Na oportunidade proferiu palestra, editada sob o título “O Encobrimento do Terceiro Segredo”.[1]
Ferrara discursou sobre elementos de convicção existentes acerca de ser incompleta a versão divulgada pelo Vaticano no ano 2000 quanto ao conteúdo da mensagem trazida por Nossa Senhora em Fátima, no ano de 1917. Sobre isso vou falar mais à frente. Importa fazer, antes, uma intercalação.
Não obstante a importância do visitante, e do motivo de sua viagem, não vi uma linha sequer na imprensa sobre o assunto, nem tampouco tomei conhecimento de notícia alguma a respeito, através de outro meio de comunicação. Por igual, não chegou ao meu conhecimento um único comentário oriundo dos círculos eclesiásticos nacionais sobre a matéria, que é de importância transcendental. Tudo indica, portanto, ter se construído uma cortina de silêncio para que a visita passasse despercebida, e, sobretudo, passasse despercebido aquilo sobre o qual ele veio falar. Eu mesmo, que acompanho de perto os acontecimentos relacionados a Fátima, nada fiquei sabendo, até a semana passada.
A mensagem transmitida por Nossa Senhora, em 1917, em Fátima se constituiu no fato mais importante dos últimos tempos. Afora a imagem do Inferno, que foi mostrada às três crianças portuguesas, a Virgem Maria focalizou um período de transição entre duas eras históricas. Infere-se de suas advertências, que Deus — contrariado ao extremo pelo comportamento dos homens — decidira intervir nos acontecimentos do mundo, oferecendo-nos dois caminhos: um pacífico marcado pela conversão, pelo arrependimento, e pelo abandono da vida pecaminosa; outro trágico, no qual a Humanidade seria duramente castigada (pela difusão do comunismo, eclosão de guerras e, possivelmente, catástrofes bélicas e naturais) caso não se corrigisse, e até o momento em que Rússia se convertesse ao catolicismo. Estas são as partes da mensagem já divulgadas. Uma outra permanecia oculta, e, no ano 2000, o Vaticano afirmou tê-la publicado com a exibição de manuscrito da vidente Lúcia relativo a uma visão de conteúdo místico. Segue-se outra intercalação importante.
Ocorre que por ordem expressa de Nossa Senhora a terceira parte do assim chamado “Segredo de Fátima” deveria ter sido anunciada por volta do ano de 1960. Entretanto em 8 de fevereiro de 1960 o Vaticano emitiu declaração no sentido de que esta parte da mensagem possivelmente nunca viria a ser divulgada. Ao ser questionado sobre o segredo pelo Cardeal Oddi, o Papa João XXIII proibiu-o, taxativamente, de tocar no assunto. Consta, ainda, que João XXIII teria dito que o conteúdo da mensagem não seria para o nosso tempo... Ao dar início ao Concílio Vaticano II, João XXIII increpou incógnitos “profetas de desgraças”, alusão que se interpretou como dirigida àqueles que desejavam a divulgação do segredo, e se opunham à corrente modernista-progressista já então muito influente na Igreja, prestigiada ostensivamente pelo próprio João XXIII (e pelos Pontífices que o sucederam...).
Desde então, até o ano 2000 aconteceram fatos importantes, direta ou indiretamente relacionados à mensagem de Fátima que vou omitir aqui, por brevidade. Interessa ressaltar que a versão apresentada pelo Vaticano naquele ano causou enorme perplexidade em muitos ambientes católicos. Com efeito, supunha-se que o trecho misterioso trouxesse referência explícita à crise da Igreja, e veiculasse diretriz adversa aos progressistas-esquerdistas, perceptível inclusive pela antipatia a Fátima, que eles nunca conseguiram esconder suficientemente. Na época, escrevi dois artigos para o Nova Fronteira, externando, também meu desconcerto. Na verdade existiam sérios indícios no sentido que as autoridades de Roma haviam ocultado um fragmento do segredo, que explicaria a visão do anjo e do assassinato de um Papa.
Puseram-se os estudiosos do assunto a investigar e a pesquisar. Os resultados de tal trabalho são positivamente concludentes quanto a ter havido omissão por parte das autoridades romanas. Na impossibilidade de reproduzir neste texto a vastíssima documentação produzida por tais estudiosos remeto os prezados leitores ao respectivo conteúdo. Refiro-me aos livros elaborados por Solideo Paolini (“Fatima Non Disprezzate le Profezie”), Antonio Socci (“Il Quarto Secreto di Fátima”) e Marco Tosatti (La Profezia di Fátima”), e, de vários autores, “O Derradeiro Combate do Demônio”, este acessível pela Internet e, em nosso idioma.[2] Como resumo — além do texto do Dr. Ferrara, e, também acessível pela Internet — impressionou-me o lúcido artigo de Davide Malacaria, na conhecida publicação 30 Giorni.[3] Por uma questão de honestidade intelectual, esclareço que o Cardeal Tarcísio Bertone lançou um livro-entrevista, insistindo na versão incompleta apresentada pelo Vaticano no ano 2000...
Eis que em tal cenário de discussões, no dia 27 de abril último a organização católica norte-americana Tradiction In Action publicou em seu site na Internet a cópia de um manuscrito atribuído à irmã Lúcia.[4]No manuscrito estaria reproduzida a parte ainda oculta da mensagem de Nossa Senhora. O editor fez reservas quanto à autenticidade. Mas reputou o documento aparentemente verdadeiro. Na impossibilidade de reproduzir aqui o manuscrito por inteiro — com o seu conteúdo verdadeiramente assustador — registro apenas as primeiras palavras atribuídas a Nossa Senhora: “Agora vou revelar o terceiro fragmento do segredo: Esta parte é a apostasia na Igreja!”. Para facilitar o entendimento simplifico dizendo que apostasia equivale a traição.
No próximo artigo, depois de estudar melhor todas as circunstâncias da controvérsia, transmitirei aos leitores minhas impressões sobre o manuscrito. Sugiro que façam suas pesquisas, porque nada indica que a mídia ou as autoridades eclesiásticas venham a se referir ao assunto, até o momento em que não seja mais possível ficarem caladas. Mas, como o documento está circulando intensamente pelos quatro cantos do mundo via Internet não se pode crer que o desconheçam. Aliás, já existem indícios que o conhecem.
Ontem foi a ocultação da pedofilia. Agora poderá se materializar algo muitíssimo mais grave. Quem se dispuser a ler o documento publicado por Tradition In Action não chegará a conclusão diversa.
Não obstante a importância do visitante, e do motivo de sua viagem, não vi uma linha sequer na imprensa sobre o assunto, nem tampouco tomei conhecimento de notícia alguma a respeito, através de outro meio de comunicação. Por igual, não chegou ao meu conhecimento um único comentário oriundo dos círculos eclesiásticos nacionais sobre a matéria, que é de importância transcendental. Tudo indica, portanto, ter se construído uma cortina de silêncio para que a visita passasse despercebida, e, sobretudo, passasse despercebido aquilo sobre o qual ele veio falar. Eu mesmo, que acompanho de perto os acontecimentos relacionados a Fátima, nada fiquei sabendo, até a semana passada.
A mensagem transmitida por Nossa Senhora, em 1917, em Fátima se constituiu no fato mais importante dos últimos tempos. Afora a imagem do Inferno, que foi mostrada às três crianças portuguesas, a Virgem Maria focalizou um período de transição entre duas eras históricas. Infere-se de suas advertências, que Deus — contrariado ao extremo pelo comportamento dos homens — decidira intervir nos acontecimentos do mundo, oferecendo-nos dois caminhos: um pacífico marcado pela conversão, pelo arrependimento, e pelo abandono da vida pecaminosa; outro trágico, no qual a Humanidade seria duramente castigada (pela difusão do comunismo, eclosão de guerras e, possivelmente, catástrofes bélicas e naturais) caso não se corrigisse, e até o momento em que Rússia se convertesse ao catolicismo. Estas são as partes da mensagem já divulgadas. Uma outra permanecia oculta, e, no ano 2000, o Vaticano afirmou tê-la publicado com a exibição de manuscrito da vidente Lúcia relativo a uma visão de conteúdo místico. Segue-se outra intercalação importante.
Ocorre que por ordem expressa de Nossa Senhora a terceira parte do assim chamado “Segredo de Fátima” deveria ter sido anunciada por volta do ano de 1960. Entretanto em 8 de fevereiro de 1960 o Vaticano emitiu declaração no sentido de que esta parte da mensagem possivelmente nunca viria a ser divulgada. Ao ser questionado sobre o segredo pelo Cardeal Oddi, o Papa João XXIII proibiu-o, taxativamente, de tocar no assunto. Consta, ainda, que João XXIII teria dito que o conteúdo da mensagem não seria para o nosso tempo... Ao dar início ao Concílio Vaticano II, João XXIII increpou incógnitos “profetas de desgraças”, alusão que se interpretou como dirigida àqueles que desejavam a divulgação do segredo, e se opunham à corrente modernista-progressista já então muito influente na Igreja, prestigiada ostensivamente pelo próprio João XXIII (e pelos Pontífices que o sucederam...).
Desde então, até o ano 2000 aconteceram fatos importantes, direta ou indiretamente relacionados à mensagem de Fátima que vou omitir aqui, por brevidade. Interessa ressaltar que a versão apresentada pelo Vaticano naquele ano causou enorme perplexidade em muitos ambientes católicos. Com efeito, supunha-se que o trecho misterioso trouxesse referência explícita à crise da Igreja, e veiculasse diretriz adversa aos progressistas-esquerdistas, perceptível inclusive pela antipatia a Fátima, que eles nunca conseguiram esconder suficientemente. Na época, escrevi dois artigos para o Nova Fronteira, externando, também meu desconcerto. Na verdade existiam sérios indícios no sentido que as autoridades de Roma haviam ocultado um fragmento do segredo, que explicaria a visão do anjo e do assassinato de um Papa.
Puseram-se os estudiosos do assunto a investigar e a pesquisar. Os resultados de tal trabalho são positivamente concludentes quanto a ter havido omissão por parte das autoridades romanas. Na impossibilidade de reproduzir neste texto a vastíssima documentação produzida por tais estudiosos remeto os prezados leitores ao respectivo conteúdo. Refiro-me aos livros elaborados por Solideo Paolini (“Fatima Non Disprezzate le Profezie”), Antonio Socci (“Il Quarto Secreto di Fátima”) e Marco Tosatti (La Profezia di Fátima”), e, de vários autores, “O Derradeiro Combate do Demônio”, este acessível pela Internet e, em nosso idioma.[2] Como resumo — além do texto do Dr. Ferrara, e, também acessível pela Internet — impressionou-me o lúcido artigo de Davide Malacaria, na conhecida publicação 30 Giorni.[3] Por uma questão de honestidade intelectual, esclareço que o Cardeal Tarcísio Bertone lançou um livro-entrevista, insistindo na versão incompleta apresentada pelo Vaticano no ano 2000...
Eis que em tal cenário de discussões, no dia 27 de abril último a organização católica norte-americana Tradiction In Action publicou em seu site na Internet a cópia de um manuscrito atribuído à irmã Lúcia.[4]No manuscrito estaria reproduzida a parte ainda oculta da mensagem de Nossa Senhora. O editor fez reservas quanto à autenticidade. Mas reputou o documento aparentemente verdadeiro. Na impossibilidade de reproduzir aqui o manuscrito por inteiro — com o seu conteúdo verdadeiramente assustador — registro apenas as primeiras palavras atribuídas a Nossa Senhora: “Agora vou revelar o terceiro fragmento do segredo: Esta parte é a apostasia na Igreja!”. Para facilitar o entendimento simplifico dizendo que apostasia equivale a traição.
No próximo artigo, depois de estudar melhor todas as circunstâncias da controvérsia, transmitirei aos leitores minhas impressões sobre o manuscrito. Sugiro que façam suas pesquisas, porque nada indica que a mídia ou as autoridades eclesiásticas venham a se referir ao assunto, até o momento em que não seja mais possível ficarem caladas. Mas, como o documento está circulando intensamente pelos quatro cantos do mundo via Internet não se pode crer que o desconheçam. Aliás, já existem indícios que o conhecem.
Ontem foi a ocultação da pedofilia. Agora poderá se materializar algo muitíssimo mais grave. Quem se dispuser a ler o documento publicado por Tradition In Action não chegará a conclusão diversa.
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NOTAS:
[1] The Third Secret Cover-up, por Christopher A. Ferrara.
[3] O artigo O Segredo de Fátima publicado na edição online da revista 30 Giorni foi reproduzido em Sacralidade. Clique aqui.
[4] Third Secret of Fatima, de Atila Sinke Guimarães, editor do siteTradition In Action. O texto em português do suposto Terceiro Segredo de Fátima está reproduzido a seguir juntamente com o fac-símile.
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Fac-símile do suposto Terceiro Segredo
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* Ronaldo Ausone Lupinacci é advogado e agropecuarista.
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